Seu Negócio, sua horta: O ciclo de 3 pilares que todo empreendedor precisa dominar
Cartas aos Inquietos #04
Todos os empreendedores deveriam ter uma horta
Faz um pouco mais de dois anos que temos uma horta em nossa casa. Eu nunca tive uma horta antes, então tem sido um processo de muito aprendizado. Nem tudo que eu plantei nasceu ou deu frutos, mas da horta eu sempre colhi muito.
Agora eu quero fazer algumas relações com a vida de empreendedora.
A primeira lição que a horta me deu é que o tempo da natureza não é o tempo da nossa ansiedade. Você planta uma semente (uma ideia, um novo produto) e espera. Você não pode cavar a terra no dia seguinte para ver se a semente “já pegou”. A confiança no processo é o primeiro ato de um empreendedor.
A segunda lição é sobre o solo. Não adianta ter a melhor semente do mundo se o terreno não estiver preparado. Na minha tese de doutorado, eu desenvolvi um conceito que chamo de Produto Educacional Comercial (PEC), que se baseia em três pilares interdependentes: o pedagógico, o de negócios e o técnico-legal. Preparar o solo, portanto, não é apenas validar o mercado (o pilar de negócios). É garantir que sua solução tenha um rigor de qualidade (o pilar pedagógico) e que esteja em conformidade com as regras do jogo, como leis e certificações (o pilar técnico-legal). Um produto que ignora um desses pilares é como uma semente em solo infértil: a chance de não vingar é enorme.
Depois, vem o “adubar” constante, que é o trabalho diário. Na horta, é tirar as ervas daninhas. No negócio, é dizer “não”, eliminando as distrações que roubam a energia do que realmente importa. Adubar é também regar: o marketing consistente, o relacionamento com o cliente, o pós-venda.
E a “chuva forte”? Ela vem. No empreendedorismo, a tempestade pode ser uma crise econômica, uma mudança de algoritmo ou um lançamento que fracassou. O que a horta ensina é que o desespero não salva a colheita. Você avalia o estrago, protege o que sobrou e começa a planejar o “refazer”. A resiliência não é sobre ser inquebrável; é sobre ter a disposição de replantar.
Finalmente, a colheita. No negócio, é a venda, o lucro. Mas aqui está o ponto central que refleti esta semana, e que se conecta diretamente ao meu estudo: a colheita não é o fim do jogo, é apenas o fim de um ciclo. No artigo, descrevo o processo de criação de um PEC como cíclico, dividido em concepção, desenvolvimento e implementação. A alegria da colheita vem com a responsabilidade de analisar os resultados, aprender e usar esse aprendizado como “semente” para o próximo ciclo de inovação. O sucesso de um produto não garante o futuro da empresa; o que garante é a capacidade de repetir o ciclo de forma consistente e adaptativa.
Nós, os “Inquietos”, somos jardineiros por natureza. Não empreendemos para “colher” uma vez e parar. Empreendemos pelo prazer de ver algo crescer, de aprender com o que morre, de sujar as mãos de terra e, contra todas as evidências, acreditar no próximo ciclo.
P.S.: Essa reflexão sobre os pilares para criar um negócio (pedagógico, negócios e técnico-legal) e a importância dos ciclos é o coração da minha pesquisa. Se você quiser se aprofundar no conceito de Produto Educacional Comercial (PEC), convido você a ler o artigo completo que publiquei.

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